O universo da TV foi feito pelo homem e para homem, uma força de saciar a sede humana em criar meios de registrar e passar adiante as informações que nos cercam. A comunicação gerada pela televisão, em outras palavras, segundo PATERNOSTRO (1994), “(...) tornou possível a interação e ao mesmo tempo proporcionou a convivência entre os homens já que a interação de um individuo ao seu ambiente e ao seu tempo esta relacionada, de forma intrínseca, ao seu acesso á informação" (p.4).
Porém, ao ouvirmos certas declarações, colocamos em xeque-mate esse desenvolvimento positivo da linguagem e da informação possibilitados pela TV. Refiro-me, claramente, ao governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), que afirmou, nesta terça-feira, durante o programa Escola de Governo, da TV Educativa do Paraná, que o câncer de mama nos homens pode ser conseqüência de paradas gay.
Sua declaração, para quem não viu, foi: "A ação do governo não é só em defesa do interesse público. É da saúde da mulher, também. Embora hoje câncer de mama seja uma doença masculina também. Deve ser conseqüência dessas passeatas gay".
Não entendo como ele pôde, em primeiro lugar, brincar com um assunto que é sério demais. O câncer é uma doença que vitimiza pessoas diariamente e ninguém que sofre dessa doença consegue ou merece ter seu estado de saúde ironizado. Em segundo lugar, não entendo como alguém público, que deve ter seriedade em sua fala, sobretudo, em suas ações, permite-se tal façanha. Continuando minha crítica, penso ainda que o governador deveria ser preso, pois se queremos cada vez mais pensar um mundo livre de preconceitos e piadas estereotipadas, e não dar aos nossos jovens e crianças este exemplo que se institucionaliza por meio de agressões verbais, um “cara”, como o governador, deveria estar fora de nosso convívio social. Ele esqueceu sua posição de político, de comunicador. Esqueceu ainda que estava num programa e que este se estrutura pelo acesso à informação e não pela ironia conjugada sem maestria alguma pelo governador.
Poderíamos ainda entrar numa discussão de: qual o sentido da política? Como alguém assim conseguiu ser eleito? Que melhorias um cara desse pode trazer para a saúde? E etc.... Mas vou me contentar com uma pergunta que é: Como, diante de algo grotesco, que foi televisionado, a assessoria de comunicação do governo do Estado informa, às 17h, que, por enquanto, não vai se manifestar sobre o assunto?????
Como assim? Desculpe-me, mas a Assessoria deveria ter se pronunciado no minuto seguinte. Deveria ter pedido desculpa às mulheres e aos homens que tem câncer de mama e não mereciam tal ironia, às pessoas que estavam ali sentadas querendo discutir seriamente o assunto, aos gays e todos presentes em passeatas, por terem sido, claramente, vítimas, mais uma vez, de uma brincadeira idiota.
Em minha opinião, não faltam desculpas que a Assessoria deveria ter feito, da forma mais precoce possível. Mas ela preferiu, mais uma vez, o desrespeito, mostrando ao povo, exatamente, a opinião que compartilha com o seu governador: a IGNORÂNCIA!!!
Desculpem amigo(a)s, pelo tom de protesto e não poético de meu texto, mas não consigo fazer poesia ou falar de arte, diante de um assunto que deveria ter sido sério, e que graças ao senhor Roberto Requião (PMDB), repito mais uma vez, para ficar registrado em nossas cabeças, tornou-se uma piada idiota, preconceituosa e infantil, embora eu ache que nem as crianças seriam capazes de fazê-la.... é, pensando nisso, retiro o infantil, fico com: Piada idiota e preconceituosa.
Um beijo a todos e por favor: NÃO SEJAM ASSIM!!!!