segunda-feira, 15 de março de 2010

A busca de uma experiência enriquecedora!


Certamente, todos já devem ter notado, pelo título do post, que o assunto desta vez é o carnaval e, neste momento, perguntam-se, claramente, o motivo pelo qual eu, quase um mês depois de os desfiles do grupo especial do Rio de Janeiro terem ocorridos, resolvi escrever sobre eles?
Ao realizar minhas críticas, eis que, com cuidado e minúcia, preferi, antes de emitir julgamentos infundados e duvidosos, ver e rever todos os desfiles. Sendo assim, olhando as 12 escolas que passarem pela passarela Professor Darcy Ribeiro - o nosso Sambódromo - pude perceber alguns pontos que considero negativos e quis compartilhar com vocês, a fim de ouvir suas opinioes. Vamos lá!
Em primeiro lugar, quero deixar claro que, em momento algum, quis/quero atingir o folião, pois, pra mim, ele é sempre nota 10.0000! Em seguida, gostaria de agradecer a todos os dirigentes, diretores, carnavalescos, passistas, baianas, crianças, enfim, a todas as pessoas que cumpriram, com beleza, suas tarefas, fazendo com que o ano de 2010 tenha sido um verdadeiro espetáculo! Mas voltemos às críticas.
A primeira diz respeito à maldita, ruim – nem sei qual adjetivo usar (risos) – transmissão da Rede Globo de Televisão. Pelo amor de Deus, eu, como milhares de cariocas, mineiros, paulistas, baianos, que gostamos do carnaval carioca, não AGUENTAMOS mais esse show de famosidades! Dá uma agonia esperar o ano todo para ver o carnaval e, de repente, perceber que não conseguimos: (1) perceber os detalhes dos carros, pois a Globo só quer mostrar seus artistas; (2) ter as alas nomeadas, com algumas delas sem ao menos serem comentadas; (3) contar com a presença de comentaristas mega fracos que só falam besteira; (4) ver o grande coração das escolas, que é ala da(o)s passistas, enfim e, por último, (5) entender por que só filmam mulheres? Homens sambam, brincam e se divertem também!
Não existem habilidades e competências construídas sobre o vazio! Acredito que os caminhos carnavalescos devem ser recheados de belos sorrisos, lágrimas, de toda forma emotiva e expressiva oriunda da comunidade de cada agremiação. Não entendo o motivo pelo qual estas pessoas ficam, infelizmente, de fora da transmissão global? Os famosos, que já tem seu destaque garantido em revistas, novelas, filmes, durante o ano todo, competem com a(o)s passistas, baianas, crianças; e, no final de tudo, ganham, só mais uma vez, o seu espaço! Não é essas pessoas queiram ser “famosas”, ou, como alguns dizem, terem 10 minutos de fama, não é nada disso! Queremos ver a “alegria”, o “choro”, o “canto”, tudo aquilo que acontece de forma espontânea e mágica naqueles 82 minutos proporcionados em/por cada desfile e não a Suzana Vieira, a Paris Hilton!
Em seguida, queria saber se os jurados, realmente, veem o mesmo desfile que eu, o Joãozinho, a Mariazinha, vemos? Ta certo que “julgar”, como o próprio verbo indica, parte de uma noção subjetiva, mas tem certas notas que, pelo amor de Deus, não se enquadram naquilo que vemos! Refiro-me, claramente, às notas que mais me chocaram: 1) De mestre-sala e porta-bandeira da Viradouro, 2) Da bateria da Vila Isabel e da 3) Comissão de frente da Mocidade. Vale lembrar que o carnaval é uma expressão popular, não uma oficina exímia de tecnicidade. Penso, em virtude disso, que, no momento de emitirem os seus julgamentos, levem em conta não somente o passo perfeito, se a bandeira enrolou ou não, se a bateria inovou ou não, mas se seu coração, enquanto folião, brilhou, sorriu e, às vezes, chorou! Se a escola conseguiu isso... deem DEZ sem vergonha! Se a escola não chegou nem perto disso tudo, também não tenham medo de dar notas 8, 9; mas sejam justos nos seus critérios, pois vemos vocês darem 9.6 para uma escola, justificando coisas que não vemos, por exemplo, naquele dez que vocês dão a outras. Parece partidarismo político!
Especialmente por participarmos de uma festa que, com o passar dos anos, aperfeiçoa-se em tamanha velocidade, sei que, a cada desfile, é natural que as escolas busquem o “melhor”. O engano é ignorar a alegria, a fim de se construir uma festa baseada em complexas coreografias, na hiper valorização do “luxo”, etc. A capacidade de encontrar “nuances” e atualidades não elimina outras competências, como leveza, emoção, canto, samba no pé. Vejo alas passarem, na avenida, “caladas”, “pesadas”, num ar frenético de “mãos pra cima”, “cabeça pro lado”. Vejo, ainda, composições de carro pintadas até a alma, com fantasias que, literalmente, ferem o folião, posicionado em lugares em que mal consegue abrir as pernas, em outras palavras, evoluir. Qual o porquê de tudo isso? Como folião, espectador, me sinto agrido!
O maior desafio das escolas de não é fazer a COREOGRAFIA PERFEITA, mas proporcionar ao “folião” aquilo, que, talvez, a Unidos da Tijuca tenha conseguido, tranqüilamente, desde os ensaios técnicos, a alegria! E, em relação a isso, desculpem-me, não há coreógrafo, carnavalesco, nem muito menos patrocínio, que resolve essa parada!


Sem me alongar mais um beijo a todos.....

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A INFELICIDADE DO ACESSO À INFORMAÇÃO





O universo da TV foi feito pelo homem e para homem, uma força de saciar a sede humana em criar meios de registrar e passar adiante as informações que nos cercam. A comunicação gerada pela televisão, em outras palavras, segundo PATERNOSTRO (1994), “(...) tornou possível a interação e ao mesmo tempo proporcionou a convivência entre os homens já que a interação de um individuo ao seu ambiente e ao seu tempo esta relacionada, de forma intrínseca, ao seu acesso á informação" (p.4).

Porém, ao ouvirmos certas declarações, colocamos em xeque-mate esse desenvolvimento positivo da linguagem e da informação possibilitados pela TV. Refiro-me, claramente, ao governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), que afirmou, nesta terça-feira, durante o programa Escola de Governo, da TV Educativa do Paraná, que o câncer de mama nos homens pode ser conseqüência de paradas gay.

Sua declaração, para quem não viu, foi: "A ação do governo não é só em defesa do interesse público. É da saúde da mulher, também. Embora hoje câncer de mama seja uma doença masculina também. Deve ser conseqüência dessas passeatas gay".

Não entendo como ele pôde, em primeiro lugar, brincar com um assunto que é sério demais. O câncer é uma doença que vitimiza pessoas diariamente e ninguém que sofre dessa doença consegue ou merece ter seu estado de saúde ironizado. Em segundo lugar, não entendo como alguém público, que deve ter seriedade em sua fala, sobretudo, em suas ações, permite-se tal façanha. Continuando minha crítica, penso ainda que o governador deveria ser preso, pois se queremos cada vez mais pensar um mundo livre de preconceitos e piadas estereotipadas, e não dar aos nossos jovens e crianças este exemplo que se institucionaliza por meio de agressões verbais, um “cara”, como o governador, deveria estar fora de nosso convívio social. Ele esqueceu sua posição de político, de comunicador. Esqueceu ainda que estava num programa e que este se estrutura pelo acesso à informação e não pela ironia conjugada sem maestria alguma pelo governador.

Poderíamos ainda entrar numa discussão de: qual o sentido da política? Como alguém assim conseguiu ser eleito? Que melhorias um cara desse pode trazer para a saúde? E etc.... Mas vou me contentar com uma pergunta que é: Como, diante de algo grotesco, que foi televisionado, a assessoria de comunicação do governo do Estado informa, às 17h, que, por enquanto, não vai se manifestar sobre o assunto?????

Como assim? Desculpe-me, mas a Assessoria deveria ter se pronunciado no minuto seguinte. Deveria ter pedido desculpa às mulheres e aos homens que tem câncer de mama e não mereciam tal ironia, às pessoas que estavam ali sentadas querendo discutir seriamente o assunto, aos gays e todos presentes em passeatas, por terem sido, claramente, vítimas, mais uma vez, de uma brincadeira idiota.

Em minha opinião, não faltam desculpas que a Assessoria deveria ter feito, da forma mais precoce possível. Mas ela preferiu, mais uma vez, o desrespeito, mostrando ao povo, exatamente, a opinião que compartilha com o seu governador: a IGNORÂNCIA!!!

Desculpem amigo(a)s, pelo tom de protesto e não poético de meu texto, mas não consigo fazer poesia ou falar de arte, diante de um assunto que deveria ter sido sério, e que graças ao senhor Roberto Requião (PMDB), repito mais uma vez, para ficar registrado em nossas cabeças, tornou-se uma piada idiota, preconceituosa e infantil, embora eu ache que nem as crianças seriam capazes de fazê-la.... é, pensando nisso, retiro o infantil, fico com: Piada idiota e preconceituosa.
Um beijo a todos e por favor: NÃO SEJAM ASSIM!!!!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Ode à Mariana Aydar....





Num dia desses de chuva, em que a gente não tem quase nada para fazer, eu ouvi o Cd "Peixes, Pássaros, Pessoas", da paulistana Mariana Aydar. Eu já a conhecia desde “Kavita 1”, principalmente pela linda canção divida com Leci Bandão, e já apreciava demais a sonoridade de sua voz, mas, ao ouvir esse segundo trabalho, eu, realmente, fiquei impressionado. Mariana Aydar – seja pela firmeza de sua voz ou o vínculo, cada vez mais forte, com o samba – chama muito minha atenção, garantindo, precocemente (é o segundo trabalho dela gente!), em minha opinião, um lugar de destaque na minha lista de 10+.
A ode é uma composição poética que surgiu na Grécia e, resumidamente, significa "canto". Para mim, ainda encantado pela beleza estética dessa obra, não há outra palavra que me venha à mente, senão: Ode, ode, ode, ode...
Aydar é “Ode”, porque é talentosa, é inovação. Ode ainda porque é musical, pura personalidade. Ode, enfim, porque Mariana é CANTO. Sua voz ultrapassa os limites corpóreos e, transcendentalmente, atinge variados canais de pensamentos e emoções que dificilmente outras cantoras conseguem, fazendo com que a etimologia dessa palavra - canto - possa ser resgatada.
Na música, cantor ou vocalista é aquele que usa a sua voz como seu instrumento musical. Para ser arte, o canto precisa, além de boa extensão vocal ou produzir lindas notas, “significar” além do real e isso ela consegue a todo o momento. Caetano Veloso, ao comentar sobre esse mesmo disco, ousa e nos diz: “(...) é um disco para marcar e afirmar um momento de vida”. Voar é uma dádiva para poucos cantores. Fazer o som arder na ventania das notas que compõem uma canção é uma atividade que exige certo balanço, swingue. Mariana marca um momento, concordo com Caetano, e vou além: Ela marca um momento na MPB, uma vez que aproveita seu momento de vôo e, com ele, gesticula uma centígrada destreza para arder.
É ousada na forma de cantar, arde como se quisesse sair do chão, do comum. Diferente dos homens e dos peixes, como na canção que dá título a esse trabalho, Mariana quer ser pássaro para poder voar e atingir, desta maneira, sua condição de estrela, fazendo com que seu canto seja capaz de deslizar entre as nuvens, sem a pressa evasiva da corrida que afoga, hoje em dia, excelentes cantores, fazendo-os calar e ficar emudecidos no tempo, mas, ao contrário disso, com a simplicidade que marca sua trajetória, Aydar nos faz crer que seu trabalho miscigenado, ao estilo de nossa terra brasilis, que nos possibilita descobrir, além do samba canção, o fundo eletrônico, m popular, o samba enredo, a sonoridade nordestina, é apenas uma forma muito competente de “florir” a mpb!!!!!

1. Florindo
2. Beleza
3. Aqui Em Casa
4. Pras Bandas De Lá
5. Manhã Azul
6. Tá?
7. Peixes
8. Nada Disso É Pra Você
9. Poderoso Rei
10. O Samba Me Persegue
11. Teu Amor É Falso
12. Tudo Que Eu Trago No Bolso

terça-feira, 28 de julho de 2009

Eu vou sim para Pasárgada.....


Estava a ler um texto assinado pela escritora Lya Luft, publicado na Revista Veja, em 4 de julho de 2007, e cheguei a conclusão que, ao contrário dela - que não deseja viajar para o reino inventado por Bandeira - eu quero ir! rs

Afirmo isso, pois penso que todos nós precisamos de uma utopia para lutar. Pode parecer loucura, mas "sonhar", nunca foi e nem será um escapismo, pelo contrário, é só com o sonho que conseguimos dar mãos à luta. Sonhar não é ser ingênuo, nem se conformar com tudo, muito menos extraviar-se do real.

Acredito que devemos deixar nossos cavalos livres para o mundo dos sonhos. Penso ainda que, infelizmente, alguns tem medo de sonhar e se contagiar. Para sonhar, viaja-se com o coração e o pensamento e sabemos que poucos são capazes disso... Eu não me dou bem com ceticistas e por muito menos suporto os pessimistas, então creio, com "coração e olhos bem abertos para sonhar", que só a utopia pode reorganizar a vida, quando esta parece descarrilar-se de vez!!!

Então, queridos (as), não tenham medo de sonhar... é só por meio do sonho que alcançamos a lucidez. Não há outro caminho!!! :)